terça-feira, 31 de janeiro de 2017

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.


domingo, 8 de janeiro de 2017

Amei-te até onde me foi permitido amar.

Eu não sei mais quem és tu, eu não sei o que sinto, ou sequer o que senti. 
Às vezes fico admirada com o quanto as pessoas mudam num curto período de tempo. Pergunto-me no porquê de isso acontecer. Não há resposta, só fica aquela terrível sensação de tristeza.
É estranho, mas sem ti não reconheço mais os meus dias. Eu não me encontro, pior, eu nem me acho.
Sinto o peso das horas que não passam,
do tempo que não traz contentamento.
É estranho o “sentir” de não sentir nada para além da tua ausência.
Há um enorme vazio,
vivo sem o meu próprio consentimento.

"Vai passar"
Mas enquanto não passa, eu despedaço-me em pequenos cacos de solidão,
na insistência de pensar em ti. 

"Vai passar" Volto a repetir. 
Mas enquanto não passa, massacro-me a relembrar o que não deve ser relembrado. E a sonhar com pesadelos nos quais tu não apareces.

"Vai passar" Digo pela última vez. 
Vai passar.. Mas ainda não passou. E até lá, vou continuar a sentir o meu corpo a tremer quando passas, e a ter sensações incontroláveis quando oiço o teu nome. Vai passar, mas enquanto não passa, penso em ti.

Já podes trocar o rótulo, eu já conheço o teu conteúdo. Já conheço as mentiras que contas e os segredos que conténs. 
Há resquícios de quem tu eras, mas as coisas mudaram tanto, que não tenho mais certeza se ainda é amor.

Amei-te até onde me foi permitido amar.

Acabei por perceber, ainda que com pequenas incertezas, que eu só via amor onde não existia nada. Apenas uma busca incessante em ferir os meus sentimentos. 

Hoje, continuo a amar-te, embora de forma diferente e com o coração partido, mas ainda assim entendo que seguir em frente é uma questão de amor próprio e não uma simples escolha.

Cansei-me de ouvir que quem ama e gosta verdadeiramente de alguém, não desiste dessa pessoa, pois é mentira. Percebo que nem sempre funciona dessa forma, porque eu desisti.

Desisti não porque não gosto de ti, mas porque percebi que não havia condições para continuar a amar-te, e que era a única pessoa a lutar para que tudo fosse (quase) perfeito.

Desisti pura e simplesmente, porque percebi que nunca existi na tua vida, e com isso, compreendi que insistir em algo que não tem futuro, é como caminhar a largos passos e ter a sensação de que embora caminhes, continuas no mesmo lugar.

"Gosto de ti e um dia vou provar isso" são essas as palavras que tu pronunciaste vezes sem conta. “Um dia”, disseste tu, porque neste momento não faz sentido algum mostrares-me isso.

“Gosto de ti e tenho saudades tuas”, disseste tu. Talvez o tempo seja escasso, e por isso mesmo o pouco que se tem, deve ser bem aproveitado a cuidar das nossas prioridades. E eu que me contente com a saudade de que um dia num passado não muito distante brincávamos a toda a hora.

Surgiam as pequenas e grandes dúvidas que martelavam a minha consciência, tentava achar uma resposta para algo tão óbvio, mas que eu não queria ver, até ao momento em que percebi que, afinal, tu não gostavas assim tanto de mim como dizias gostar, e tenho dúvidas se alguma vez gostaste. Tenho muitas mesmo.

Disseste muita coisa. Inclusive coisas horríveis. Mas deixa estar, eu sei que fiz o mesmo, ou até pior. 

Prometeste não me deixar. E até mesmo, prometeste estar sempre lá para mim. Disseste que me amavas...

Tudo palavras ditas da boca para fora. Porque quem quer, faz, e não vive de pretexto para justificar as suas falhas e ausência. Só não muda quem não quer, porque tudo depende única e exclusivamente de nós mesmos.

Decidi seguir em frente.

Custa, mas mil vezes isso do que me submeter a alguém que é vazio, inconstante, e egoísta por natureza. Que não tem amor por ninguém, apenas por si mesma, e que precisa de iludir e enganar para se sentir maior e melhor. 

Não adianta perder tempo à espera da mudança por parte daquela pessoa que julgam que ainda vai mudar, porque esta pode nem acontecer, mas como diz o belo ditado “A esperança é a última que morre”, pode ser que tenham sorte.

Eu decidi que mereço mais. E talvez tu mereças o mesmo.